Hoje, com a modernidade, com as mulheres assumindo também o papel de provedoras, com a liberdade maior para por fim a casamentos não desejados, com a permissão da legislação para a institucionalização de uniões homossexuais e conseqüente permissão para adoção, criou-se um novo tipo de família: aquela gerada pelo amor, pelo cuidado e pela convivência.
Essas famílias, tanto as mais tradicionais quanto as mais recentemente criadas são de fundamental importância na formação do indivíduo, tanto na parte emocional, quanto nas espiritual e física. É na família que são tomados os cuidados necessários para o pleno desenvolvimento do indivíduo, tanto que essa base pode ser comparada ao alicerce de uma construção. Sem o cuidado que uma família pode oferecer, o ser humano praticamente não resiste ou sofre sérias conseqüências pela sua falta.
É na família onde se recebe conhecimento do que é mundo, onde se aprende a linguagem verbal, corporal e emocional, onde se aprende a viver em sociedade. E para se viver em sociedade é necessário que se estabeleçam os limites.
Os limites são primordiais, pois promovem a condução do indivíduo por caminhos que lhe sejam favoráveis, porém, parece aos pais ou educadores uma tarefa bastante árdua tanto o determinar quanto o fazer cumprir cada uma dessas limitações.
Muitos são os motivos alegados: falta de tempo e de paciência, falta de interesse e incapacidade e por esse motivo, o que geramos sãos indivíduos hedonistas, egocêntricos, anti-sociais, desrespeitosos, intolerantes, apáticos, agressivos, descontrolados, agravando-se até para distúrbios psiquiátricos, e com certeza, não é o que desejamos. Ao contrário: desejamos seres humanos responsáveis e conscientes.
Para isso precisamos ensinar-lhes as regras do jogo. Com afeto, mas sem desviar-se do objetivo de mostrar-lhes quais são as regras de conduta.
O que eu não concordo é que essas regras sejam apresentadas aos indivíduos somente quando começam a freqüentar o ambiente escolar.
A imposição dos limites começa na casa de cada um, no seio de sua família, seja ela qual for ou de que forma esteja estruturada.
Os indivíduos hedonistas, egocêntricos, anti-sociais, desrespeitosos, intolerantes, apáticos, agressivos, descontrolados e perturbados aos quais me referi são os que estão presentes hoje nas salas de aula, impondo-se, dominando, amedrontando, fazendo-se donos da verdade quando não o são. São esses indivíduos que enfrentamos como educadores. São esses os indivíduos que a família está criando. A culpa não é da escola ou da educação. Eles já vem “apodrecidos” de sua própria casa.
Nós, os educadores, não nos formamos, não nos preparamos para ensinar um indivíduo a comportar-se dentro da sociedade. Não nos formamos para resolver seus problemas. Não somos seus psicólogos, pais, mães, médicos ou enfermeiros. Não fomos preparados para lidar com agressividade, intolerância e desrespeito.
Fomos orientados a sermos “ensinadores”, transmissores de conhecimento, cada um em sua área, portanto o papel de “pais” de uma geração adoecida não nos cabe.
Não somos tutores desses desregrados sem limites que servem apenas para colaborar com o péssimo andamento do que chamamos de Educação Brasileira e para atrapalhar e incomodar as “boas sementes” que nos caem nas mãos – crianças que germinam, nascem, crescem e produzem cultura, afinal, segundo antigo jargão, “educação vem do berço!”
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