quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O Titanic do meu avô.



Meu avô materno, Vassily Grabovskii, nasceu no dia onze de março de 1915.  Ele era um homem forte, determinado, trabalhador, íntegro, e um fiel servo de Deus. A sua vinda para a minha casa em Varpa ( ele morava em Carapicuíba) na época de suas férias ou em feriados prolongados era sempre motivo de muita alegria. Isso aconteceu inúmeras vezes entre os anos de 1967 a 1986. Muitas vezes mesmo...
 Entre outras coisas, ele trazia consigo algumas histórias. Numa época em que nem televisão havia pelas bandas de lá, ouvir histórias, principalmente as dos mais velhos, era entretenimento e trazia conhecimento e sabedoria.
Uma dessas histórias  era sobre o naufrágio do grandioso, do  magnífico navio Titanic. Esse fato acontecera  pouco depois da meia-noite de 15 de abril do ano de 1912, portanto três anos antes do nascimento do meu avô. Eram contemporâneos os dois.  Ficávamos maravilhados quando ele se punha a contar sobre a construção do imenso navio, sobre como o Capitão, quando perguntado sobre a segurança do mesmo respondera que "nem mesmo Deus o afundaria!", sobre como fora lançado ao mar numa viagem inaugural sem precedentes, sobre os passageiros, ricos em sua maioria, e outros nem tanto, sobre os trabalhadores da grande embarcação. Dava detalhes sobre o número de passageiros, o número de mortos, sobre a casa das máquinas, sobre as caldeiras que as movimentavam, e finalmente sobre como acorrera tal catástrofe.
Ouvíamos, maravilhados e impressionados,  eu, meus irmãos e meus primos tal história. 
O mais lindo, porém, vinha ao final: apesar da tragédia do ocorrido, ele nos contava como um grupo de cristãos peregrinos, que haviam saído da Inglaterra em busca de novas oportunidades no "Novo Mundo", denominado à época Nova Iorque, se portaram à medida que o navio afundava. 
Quando parecia que o pânico tomaria conta da situação, os crentes deram-se as mãos e começaram a cantar um hino que a orquestra de bordo havia começado a tocar. Esse hino era o "Mais Perto Quero Estar". (Nº 283 do Cantor Cristão, Nº 187 da Harpa Cristã). 
Nesse momento meu avô parava a história e começava a cantar com sua voz potente de barítono:

Mais perto 
Quero estar meu Deus de ti! 
Ainda que seja a dor 
Que me una a ti, 
Sempre hei de suplicar 
Mais perto 
Quero estar meu Deus de ti! 

Andando triste 
Aqui na solidão 
Paz e descanso 
A mim teus braços dão 
Nas trevas vou sonhar 
Mais perto 
Quero estar meu Deus de ti! 

Minh'alma cantará a ti Senhor! 
E em Betel alçará padrão de 
Amor, 
Eu sempre hei de rogar 
Mais perto 
Quero estar meu Deus de ti! 

E quando Cristo, 
Enfim, me vier chamar, 
Nos céus, com serafins irei 
Morar 
Então me alegrarei 
Perto de ti, meu Rei, meu Rei, 
Meu Deus de ti! 


...


Qual não foi minha surpresa no ano de 1997 quando assisti ao filme "Titanic" e vi a seguinte cena:



Muitas lembranças vieram  à minha memória... o meu avô e a veracidade dessa sua história!
...
A propósito: esse era também um dos hinos que meu pai mais gostava!

Nenhum comentário:

Postar um comentário